quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O dia acordou cinza
E a chuva tentou dizer algo com toda sua força
Eu juntei meus caquinhos e saí
Deixando o sorriso embaixo do travesseiro
Desde a última noite.
Quero que sumam todos
Que mudos e sem expressão
me dêem as costas.

Quero que saiam
Me abandonem.

Quero o vazio onde minhas lágrimas ecoem
E que o som de seu gotejar
me conforte, me abrace.

Não quero calor. Não mais!

Quero minha consciência menos absurda
e mais modesta
Sem gritos ao se desapegar
do que não pôde ser seu.

Quero que as emoções
sejam varridas para baixo do tapete
E que a dor vá junto.

Eu não me importo
Quero secar
Quero ser esquecida
Sentir-me sumida
E talvez menos doida

De resto, apenas o que eu puder me dar
Não aceitarei o que for oferecido
Nem um café, nem um amor
Eles terminam por fazer mal
(...)
Terminam alheios a outras necessidades
Não são autossuficientes?
Que horror!

2 de Novembro

Na frente do espelho
Os olhos que viam apenas reflexos
De repente,
saltam para dentro.
E aparecem molhados
Ao nos ver tão juntos.

Eu diria saudade
Que de súbito impacta
E transborda.
Que num momento
Dribla os planos de controle
E inesperadamente
chega para me banhar.

Eu já disse
Aquele prato é você
Aquele canto de parede é você
O meu perfume é você
O sabor da minha boca...
É você.
Até minha roupa de dormir é você

Então, você é a fuga
que meu sistema protetor
tenta evitar
Como forma de me manter sã.
Mas é tão arrebatador
E eu já estou rendida.
Eu aceito você
Com todas as lágrimas e risos.

Eu aceito o tempo.
Já havia aceitado há tanto,,,